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Como o Krav Magá chegou ao Brasil

O Krav Magá chegou no Brasil no começo década de 1990, precisamente no Rio de Janeiro,

com a chegada do israelense Kobi Lichtenstein, onde o mesmo estabeleceu-se, iniciando seu

trabalho em difundir e expandir o sistema de defesa pessoal israelense em todo território brasileiro.

O Mestre Kobi, elaborou estratégias de publicidade e marketing, aliadas a uma grande difusão em

massa nos meios de comunicação para que todos tivessem conhecimento do que viria a ser e

tivessem oportunidade de treinar o sistema de defesa pessoal israelense, o Krav Magá, que era

totalmente desconhecido por nós brasileiros. Foi fundada a Associação Brasileira de Krav Magá e

posteriormente a Federação Sul Americana (FSAKM), e a inauguração do Centro de treinamento nacional

(Top Defense) com sede no Rio de Janeiro.

Por muito tempo o Mestre Kobi, através da FSAKM, divulgou, treinou e formou instrutores em vários estados brasileiro,

propagando que o Krav Magá seria marca registrada, por isso ninguém estaria autorizado a usar o nome, nem a ensinar

técnicas relacionadas a este sistema de defesa pessoal, somente ele e sua federação poderiam usar “tal marca”, ministrar cursos e aulas, criando um grande monopólio em torno do que ele havia introduzido no Brasil.

 

Anos mais tarde, vindo de Israel, Yaron Lichtenstein (irmão mais velho do Mestre Kobi) chega ao Brasil também para implantar, divulgar e expandir as atividades de suas escola de Krav Magá, a BUKAN, que já existia em Israel e em vários países Europeus.

Agora com duas organizações em solo brasileiro, onde as mesmas tinham mestres israelenses à frente de suas atividades de expansão, começou a gerar conflitos, mentiras e brigas judiciais. De um lado a FSAKM dizia-se ser exclusiva da “marca Krav Magá” e de outro a BUKAN seguia informando que ninguém era dono do Krav Magá e que o Mestre Yaron era o único sucessor do Imi Lichtenfeld, fundador do Krav Magá, combatendo todas as informações do Mestre Kobi, onde foram anos de lide jurídica entres ambas organizações e seus líderes, que apesarem de serem irmãos, nem sequer se falavam.

A BUKAN não somente enfrentou a FSAKM nas batalhas judiciais, como seguiu em frente com seu projeto de expansão de suas atividades, formando vários instrutores em estados brasileiros (sistema de ensino de formação de instrutores faixa verde que era utilizado a muito tempo nos EUA e na Europa, tanto pela Bukan, como por outras associações e federações de Krav Magá) para que os mesmos pudessem ministrar aulas, e começou a realizar eventos anuais, reunindo diversos instrutores da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e outros estados, para treinamentos intensos (chegando a durar 8 horas diárias, durante 10 dias), graduação e formação de instrutores na cidade de Goiânia, pela infraestrutura que a mesma possuía, bem como todo apoio e logística do Mestre Veruílson Nogueira (atualmente Presidente/Diretor da FBKMK), que era o primeiro faixa preta formado pela BUKAN em território nacional. Em um desses eventos a BUKAN realizou o primeiro evento internacional que até então se tem notícia, no Brasil, reunindo instrutores brasileiros e estrangeiros (Israel, México, Estados Unidos e Romênia).

Professores, instrutores e alunos da FSAKM e da BUKAN começaram a defender suas bandeiras e ideais como podiam. Muitos professores e instrutores que ministravam aulas de Krav Magá pela BUKAN começaram receber cartas dos advogados constituídos pela FSAKM, das quais muitas eram entregues nos locais onde os mesmos ministravam aulas informando que caso continuassem a permitir tais aulas enfrentariam uma lide jurídica, pois a “marca” Krav Magá era registrada e exclusiva, e caso quisessem continuar a ter o Krav Magá em seus estabelecimentos deveriam contratar um licenciado, professor ou instrutor da FSAKM, gerando muitos constrangimentos e até mesmo encerramento de tais aulas para instrutores da BUKAN.

O monopólio da FSAKM estava ameaçado pela BUKAN e esta estava defendendo o seu investimento a todo custo, inclusive numa batalha jurídica, onde aos poucos estava sendo definido que Krav Magá não era marca registrada.

Na realidade o Krav Magá pode ser considerado como patrimônio imaterial da humanidade¹ que lista a UNESCO. Exemplos seriam o Karatê, Judô e Aikido de origem japonesa, a Capoeira ou Jiu-Jitsu Brasileiro de origem brasileira, o Sambô de origem russa, o Kung Fu de origem chinesa e outras artes marciais ou sistemas de defesa pessoal, criados ou desenvolvidos em países que se espalharam por todo mundo, mesmo criando associações ou federações e até mesmo confederações para regular tais artes marciais, jamais poderiam registrar como marca privada estas modalidades.

Professores e Instrutores, tanto da FSAKM quanto da BUKAN não tinham outra opção nem escolha para seguir outro caminho dentro do Brasil no quesito Krav Magá, pois conhecidas por todos, e até então oficialmente, no ensino do Krav Magá eram apenas elas. Muitas pessoas descontentes com problemas que ocorriam nestas, decidiam parar de dar aulas, do que ter que sair, pois não tinham para onde se filiar ou então tinham receio de trazer outra organização de fora devido as criticas e possivelmente perseguições.

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